segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Entrega de imóvel chega a atrasar 3 anos em SP; veja como se proteger

Comprar imóveis na planta é uma alternativa para baratear o custo da casa própria, mas muitos compradores hesitam na hora de tomar a decisão com medo de não receberem as chaves no prazo prometido.
Alguns cuidados, porém, antes de fazer a compra permitem reduzir o risco. Especialistas recomendam que os interessados chequem no contrato se há multas para descumprimento de prazo.

Também recomendam que os comunicados com a empresa vendedora sejam feitos por escrito e que os potenciais compradores visitem outros prédios dos mesmos vendedores e perguntem aos moradores se as chaves foram entregues no prazo (veja quadro abaixo).
Os atrasos na entrega de imóveis se tornaram mais frequentes após o boom do mercado imobiliário de 2007 a 2011, e, dentre as causas, estão a burocracia de governos municipais e estaduais na concessão de licenças (leia texto ao lado).
Outro problema, agravado pelo cenário de desemprego baixo, é o apagão de mão de obra no setor de construção.
Ricardo Yazbek, vice-presidente de legislação imobiliária do Secovi, diz que a construção de um empreendimento "não é como fazer um copo": "Envolve mais de 3.000 itens na sua fabricação, e a montagem leva de 30 a 36 meses, estando sujeita a diversas interferências".
De qualquer forma, os atrasos foram o maior motivo dentre as 2.576 queixas que o Procon-SP recebeu em relação a construtoras, segundo o relatório mais recente, divulgado em novembro do ano passado e referente ao primeiro semestre do passado.
Em geral, o previsto é que o imóvel fique pronto em três anos após o lançamento. O prazo, no entanto, pode até dobrar, como aconteceu com o administrador Cleber Yamamoto, 34. Quase três anos depois da data prevista para a entrega do apartamento que comprou em Suzano, na Grande São Paulo, ainda não pode se mudar.
Eduardo Anizelli/Folhapress
Cleber Yamamoto e a mulher, Cristiane, na frente do apartamento onde eles planejam morar em Suzano
Cleber Yamamoto e a mulher, Cristiane, na frente do apartamento onde eles planejam morar em Suzano
O administrador é o criador de um grupo com mais de 300 membros em uma rede social para discutir o andamento das obras.
dívida crescente
Segundo ele, a maioria dos compradores terá que pedir o cancelamento do contrato, já que a dívida foi corrigida também após o prazo.
Normalmente o contrato estabelece que o comprador deve pagar parcelas até a data prevista, mas não efetiva, da entrega da obra.
O problema é que, quando a entrega atrasa, a dívida continua a ser corrigida, mas o cliente deixa de abater as parcelas. Com isso, a dívida cresce, tornando-se impagável em alguns casos ou dificultando a obtenção do financiamento.
Nos casos em que a entrega do imóvel atrasa, porém, o reajuste da dívida pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) ou qualquer outro indicador previsto em contrato tem de cessar, de acordo com a Fundação Procon-SP.
O entendimento do Judiciário, porém, varia.
Se houver atraso, a dica é entrar em contato com a empresa e, se isso não der resultado, procurar o Procon ou a Justiça.
Além da mudança de planos decorrente do atraso na entrega dos apartamentos, clientes relatam que não recebem informações sobre o andamento da obra.
A empresária Thuane Paiva, 31, comprou um imóvel no Butantã, na zona oeste de São Paulo.
Raquel Cunha/Folhapress
A empresária Thuane Paiva aguarda a entrega do apartamento (atrasado) no Butantã, zona oeste de São Paulo
A empresária Thuane Paiva aguarda a entrega do apartamento (atrasado) no Butantã, zona oeste de São Paulo
A entrega estava prevista para dezembro de 2012, o que ainda não ocorreu.
Ela diz que ligou várias vezes na central de atendimento, que prometia ligar de volta, sem fazê-lo. Também não respondiam aos seus e-mails.
Visitas ao escritório da construtora foram quatro.
Thuane também procurou o Procon, que enviou três notificações à empresa solicitando o congelamento do saldo devedor, que passou de R$ 148 mil para cerca de R$ 175 mil no período de atraso.
Também não houve resposta ao órgão, segundo ela. Hoje a empresária processa a vendedora do imóvel.

Fonte: Folha de S. Paulo 

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