segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Traços minimalistas surpreendem a cidade

Linhas simples e racionais da arquitetura contemporânea privilegiam conforto e funcionalidade

Fotos: Antonio More/ Gazeta do Povo / Casa Cubo, no Barreirinha: construção sai do padrão dos imóveis convencionais do bairro
Casa Cubo, no Barreirinha: construção sai do padrão dos imóveis convencionais do bairro

Entre as tradicionais casas e sobrados de uma rua tranquila no bairro Barreirinha, na Zona Norte de Curitiba, está uma construção diferente. A Casa Cubo, projeto da arquiteta Camila Branco, causa impacto: as formas retas, cores vibrantes e janelas desalinhadas, em tamanhos e níveis diferentes das nove casas do conjunto é inspirado nos conceitos da arquitetura contemporânea.

Esse estilo retoma uma linguagem arquitetônica mais racional, com tendência ao minimalismo. Linhas e ângulos retos, poucas curvas ou elementos decorativos, uso de cimento cru e cores fortes estão entre suas características.
 / Áreas internas amplas  criam integração entre ambientes
Áreas internas amplas criam integração entre ambientes

Além do desenho simples, uma preocupação dos arquitetos que optam por esse modelo é o foco na qualidade dos ambientes, especialmente no que diz respeito ao conforto térmico e acústico, itens que são sempre prioridade nesses projetos.
O arquiteto curitibano Marcos Bertoldi afirma que a arquitetura contemporânea oferece recursos mais modernos. Ele não acredita no resgate de antigos estilos e rechaça o neoclássico. Para Bertoldi, a arquitetura só se realiza se for contemporânea. “Temos que acompanhar o que há de melhor, porque o objetivo do arquiteto é montar um espaço de qualidade, que possa ser desfrutado com conforto. Além disso, o desenho de um imóvel interfere na paisagem urbana. Traços originais são, inclusive, uma forma de respeitar o entorno”, comenta.
Orlando Ribeiro, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR), observa que os imóveis de arquitetura contemporânea usam soluções construtivas relativamente simples, mas se diferenciam por conferir mais qualidade aos ambientes criados.
“Uma abertura em posição inovadora ou o uso de grandes espaços livres proporcionam maior riqueza de detalhes e quebram o modelo tradicional. Nesse tipo de desenho, a preocupação é maior com a qualidade do espaço do que com o desenho do edifício”, comenta Ribeiro.
Estranheza
Projetos contemporâneos deixam muita gente sem entender a funcionalidade do imóvel e afetam até mesmo a opinião sobre a estética. “Como essa arquitetura tem um aspecto menos tradicional, as pessoas não se identificam com rapidez”, comenta Ribeiro.
Para Bertoldi, muita gente tem dificuldade para entender as propostas com clareza. “Como o contato com esse tipo de arquitetura ainda é pequeno, as obras modernas e contemporâneas são mal compreendidas pela sociedade em geral. Acabam ficando restritas a um grupo que tem mais acesso e interesse pelo modelo”, diz.
Características
Luz e ventilação são prioridade nos projetos
No projeto da arquiteta Camila Branco, a inspiração para um estilo mais moderno veio da insatisfação com os modelos tradicionais. “Todos os projetos que víamos eram muito parecidos. A partir daí, resolvemos incorporar esse empreendimento, que tem nove unidades familiares, e que foi projetado com o intuito de ser diferente”, diz a arquiteta.
As janelas desalinhadas promovem a entrada de luz em vários horários do dia e, além disso, aumentam a privacidade dos moradores. Nas casas, uma cobertura envidraçada na sala permite ver a copa das árvores plantadas do terreno, além de promover a integração entre as áreas internas e externas. Os imóveis têm grandes vãos e aberturas calculadas para promover a ventilação natural.
Estrutura sólida e materiais que garantem a vedação dos imóveis também foram prioridade na hora de elaborar o projeto. “Vemos as pessoas insatisfeitas com a iluminação e com o conforto térmico em suas casas. Ou elas estão com calor, ou com frio, ou têm de acender as luzes durante o dia. É disso que temos de fugir”, comenta a arquiteta.

Fonte: Gazeta do Povo 

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