Depois de quatro décadas operando com o dólar, o mercado imobiliário argentino completa neste mês um ano sem usar a moeda americana para as compras e vendas de apartamentos, casas, terrenos e imóveis comerciais em todo o país.
O "corralito verde", denominação com a qual a ironia portenha batizou a bateria de restrições da presidente Cristina Kirchner para a compra da moeda americana, provocou queda de 27% nas operações imobiliárias na Argentina. Só em novembro passado, segundo o Colégio de Tabeliães, a queda foi de 43,5% em comparação com o mesmo mês de 2011.
O corralito, além de complicar a compra e venda de imóveis, deixou os argentinos desorientados, já que investir em imóveis era um porto seguro na turbulenta economia argentina. A cotação em dólar dos imóveis servia também como reajuste monetário com a escalada da inflação. "Sem o dólar, estamos perdidos, é como se estivéssemos sem bússola. E quando você não tem bússola, você fica quieto no lugar e não se mexe, por precaução. Isso é o que ocorre atualmente no setor imobiliário", disse ao Estado o gerente de uma das principais imobiliárias que operam no bairro da Recoleta, Palermo e Belgrano, os bairros de maior poder aquisitivo da capital.
A queda nas operações imobiliárias também provocou uma redução drástica na arrecadação do imposto sobre a transferência de imóveis. A Administração Federal de Ingressos Públicos registrou queda de 23,4% em novembro.
O fim das operações em dólares e o consequente esfriamento do setor levou à eliminação de 100 mil postos de trabalho na construção civil. Outros 35 mil foram demitidos no setor imobiliário. Desde 2003 até o ano passado, o setor imobiliário foi uma das áreas de maior crescimento na economia argentina. Segundo a consultoria Reporte Inmobiliario, "não existem motivos que levem a pensar que em 2013 esse cenário possa mudar".
As restrições aplicadas pelo governo Kirchner - para equilibrar as contas públicas - implicam na proibição da compra de dólar para poupar, rompendo com o costume argentino de adquirir a moeda para guardar em casa, nas caixas de segurança, nas cadernetas de poupança na Argentina ou no exterior. Além disso, a compra de dólares para viagens ao exterior também foi limitada.
Fonte: Estadão.com.br
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