terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Aconvap pressiona Carlinhos a rever restrição para prédios

Prédios de São José dos Campos. Foto: Thiago Leon
Prédios de São José dos Campos. Foto: Thiago Leon



Construtoras cobram 16 modificações na atual Lei de Zoneamento, entre elas o fim da altura-limite de 15 andares para novos prédios em áreas consolidadas; revisão de regras foi mote da campanha de Carlinhos
Beatriz RosaSão José dos Campos
Empresários da construção civil de São José dos Campos preparam uma lista com 16 sugestões de mudanças na Lei de Zoneamento que serão cobradas do prefeito eleito Carlinhos Almeida (PT) a partir de janeiro.
As sugestões incluem a liberação de espigões na área urbana consolidada, atualmente limitada a edifícios com até 15 andares, além de mudanças nas normas de recuos frontal e no subsolo dos prédios.
O grupo também quer a revisão no número de vagas exigidas para indústrias e a redução no tamanho mínimo de lotes (dos atuais 200 metros quadrados para 150 metros quadrados).

Mercado. Para o presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba), Cléber Córdoba, as alterações são necessárias para que o mercado da construção civil “não fique estagnado” na cidade.
“Já sentimos uma redução de 20% no número de projetos aprovados pela prefeitura. Essa redução gradativa, somada ao fim dos empreendimentos liberados na lei de transição, pode travar o mercado imobiliário” disse o empresário.
Na avaliação de Córdoba, o atual zoneamento também dificulta a construção da habitação popular.
Nessa área, o setor pede a liberação do número de unidades habitacionais por empreendimento --hoje limitada a 300 unidades-- além de alterações como redução do recuo frontal dos prédios.
“Tem que haver flexibili-zação. Não se pode limitar um conjunto em 300 unidades, se o terreno permitir 330 ou 360. Também deve haver uma revisão no tamanho das área de lazer a serem doadas”, disse o presidente da Aconvap.

Parceria. A instituição defende a criação de um conselho técnico, em parceria com o Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), para estudar correções na atual legislação.
“Essa lei precisa ser revista para vários segmentos de comércio, indústria e habitação. Estamos elaborando um estudo com 16 sugestões de mudança para o próximo prefeito e seu secretário, para que possamos mostrar a realidade do mercado”, disse Córdoba.
O prefeito eleito Carlinhos Almeida não comentou o caso ontem. Em entrevistas anteriores, o petista defendeu a revisão da lei “com um amplo debate” envolvendo a Câmara e os segmentos organizados da sociedade civil.
Aliado de Carlinhos, o vereador Walter Hayashi (PSB), presidente da Comissão de Planejamento da Câmara, disse que há espaço para ajustes na legislação, desde que alguns critérios já consolidados não sejam alterados.
“Tem coisas na lei que já foram consolidadas, como a limitação na altura dos prédios no Urbanova, Aquarius e Floradas. Isso não vai mudar.”

Proporcionalidade. Mas, segundo Hayashi, há espaço para liberação de gabaritos em outras áreas da cidade.
“A altura tem que ser liberada de acordo com o tamanho da área. Se for um terreno grande que garanta ventilação, é possível flexibilizar.”
Ele prega o envolvimento da sociedade em qualquer discussão sobre a lei.
“Dentro do que for razoável, podemos rediscutir outros pontos da lei. Há excessos na exigência de vagas de garagem para indústria. Critérios da habitação popular também podem ser revistos.”


Os pedidos
EspigõesLiberação de prédios com mais de 15 andares nos núcleos consolidados da cidade. A atual legislação libera apenas prédios com 4, 8 e 15 andares. Também há pedidos de redução de recuo frontal e o fim da exigência de recuos de cinco metros para subsolo

Habitação PopularFlexibilização no tamanho dos conjuntos habitacionais populares. Atualmente só são permitidos conjuntos com até 300 unidades. Setor pede flexibilização até 400 unidades. Outro pedido é a redução do recuo frontal dos atuais 10 metros para 6 metros

LotesRedução no tamanho do lote mínimo de 200 metros quadrados para 150 metros quadrados, medida beneficiaria desmembramento de lotes comerciais e habitacionais

IndústriaRevisão no número de vagas de garagem exigidos para a construção de indústrias

Análise
Especialistas cobram estudos
São José dos Campos

Especialistas em planejamento urbano defendem a revisão na Lei de Zoneamento a partir de estudos de impacto de vizinhança.
“A atual lei parte de um conceito ultrapassado. Hoje, o critério é o do impacto de vizinhança. Se será construído um prédio no centro, por exemplo, como vai se cobrar recuos, se vizinhos não têm?”, questionou o urbanista Pedro Ribeiro, da Univap.
“O município pode estabelecer um valor pelo aumento do gabarito onde for possível”, acrescentou.
Para Ribeiro também é possível revisar o número de unidades nos projetos habitacionais populares.
“Depende do adensamento do entorno e da capacidade de sustentação do sistema”.
Para o urbanista Flavio Mourão, é preciso sincronizar a Lei de Zoneamento ao Plano Diretor da cidade.
“Hoje, o planejamento está esvaziado. Tem o Ipplan e o Transporte trabalhando de forma paralela. É preciso sincronizar esses estudos. Houve uma liberação exagerada no passado, e depois uma dose forte de restrições”, disse.
Fonte: O Vale

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