quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Arquitetos criticam impactos das torres de Donald Trump


Os projetos dos cinco espigões comerciais do bilionário americano Donald Trump, na Avenida Francisco Bicalho, ainda nem saíram do papel e já causam enorme alvoroço entre arquitetos e urbanistas. Para o vice-presidente da seccional do Rio do Insituto de Aquitetos do Brasil (IAB-RJ), Pedro da Luz Moreira, as torres de 50 andares repetem um "modelo medíocre", que não faz jus à cultura arquitetônica do país. Professora Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e especialista em conforto ambiental, Cláudia Barroso-Krause vê com ressalvas a instalação de vidros espelhados nas torres e alerta para o enorme impacto viário que o empreendimento tará à Zona Portuária. Conforme O GLOBO noticiou ontem, as duas primeiras torres devem ser erguidas no segundo semestre de 2013.
Pedro da Luz afirma que o projeto deve ser discutido com a sociedade. Ele criticou o que chamou de ações feitas com base no "voluntarismo":
- Não temos uma estrutura de planejamento no Rio. Devia ser fruto de debate mais aprofundado na cidade. As torres repetem formas medíocres já consagradas no mundo e não fazem jus à cultura arquitetônica do Brasil. Que cidade a gente quer construir? Há uma urgência que impede o debate.
As fachadas das torres, cobertas por brise-soleils espelhados, foram pensadas para refletir a luz do sol, diminuindo a incidência de calor no interior dos edifícios. Estudiosa em construções sustentáveis, Cláudia Barroso-Krause diz que a tecnologia pode ser boa apenas por um lado - o de dentro dos edifícios:
- É interessante do ponto de vista do consumo energético. Há menor necessidade de uso de ar-condicionado. O problema é que este reflexo vai incidir num lugar. Melhora muito para quem está dentro, mas vai rebater em quem está do lado de fora.
Segundo Felipe Aflalo, sócio do escritório paulista de arquitetura Aflalo & Gasperini, que vem desenvolvendo o projeto há cerca de quatro meses, a fachada é o maior desafio.
- Esse terreno tem a pior incidência solar: nascente de um lado e poente do outro. Por isso, a primeira coisa em que pensamos foi no uso das brises. Sem elas, o prédio absorveria muito calor. Os vidros das brises evitam essa absorção - justifica Aflalo.
Cláudia questiona ainda os impactos viários do empreendimento. Ela lembra que um arranha-céu de uma instituição financeira, inaugurado há três atro anos em São Paulo, teve que escalonar o horário de entrada de saída de funcionários para não causar transtornos ainda maiores ao trânsito da Marginal Pinheiros.
- É importante lembrar que não teremos mais a Perimetral. A região não comporta, não tem arruamento capaz de absorver o impacto das torres.
Presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Asbea-RJ), Vicente Giffoni, defendeu as torres de Trump:
- Certamente será um projeto sustentável. A legislação permite a edificação proposta. Não dá para criticar sem ter o projeto final na mão.

Fonte: Site ADEMI 

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