quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Construir a própria casa vale a pena?


Contratar um arquiteto e um engenheiro costuma ser bastante interessante - mesmo que pareça caro à primeira vista


Construir a própria casa possui vantagens e desvantagens. Dá trabalho, mas quando a obra é concluída, os proprietários costumam ficar satisfeitos. Além de ter conquistado a casa própria, eles acabam morando numa bela residência, projetada em função das necessidades da família. Não será preciso fazer reformas para adaptar o imóvel e os acabamentos são do gosto do morador.
Mas essa regra não é infalível. Existem aqueles que pela falta de experiência gastam uma enorme soma de dinheiro num imóvel que acabam não gostando. E se tudo tiver saído conforme as vontades da família, os custos podem ter extrapolado a realidade financeira daquelas pessoas. Dessa forma, o ideal é pensar bem antes mesmo de comprar o terreno, fazendo todos os cálculos para saber se a casa poderá ser construída sem nenhuma dor de cabeça.
Ao gosto do cliente
Os principais pontos positivos do ato de se construir uma casa estão ligados principalmente a fatores emocionais. Nem sempre construir é mais barato do que comprar um imóvel pronto. A diferença é que você irá morar numa casa pensada exclusivamente para sua família. Você terá aquele banheiro que sempre sonhou, um espaço para o closet, uma churrasqueira para reunir os amigos ou então a cozinha que sua esposa sempre quis.
Com tantas possibilidades de personalização, todo cuidado é pouco. Não se esqueça de que um dia o imóvel poderá ser vendido. E nesse caso todos aqueles itens que você não abre mão de ter na sua casa podem afugentar os compradores potencias. Puxadores dourados e acabamentos carregados imitando palácios franceses podem não ser os melhores para uma casa de dois dormitórios. No que diz respeito à divisão do imóvel, tente seguir ao máximo a tendência da vizinhança. Não é questão de ser conservador. Basta ter bom senso.
Programando sua obra
Outro ponto positivo na construção de uma casa é que você pode avançar na obra conforme suas possibilidades financeiras. Se num mês houver mais dinheiro disponível, é possível acelerar o processo. E se ocorrer algum problema, ainda resta a possibilidade de interromper temporariamente a obra.
Por outro lado, na etapa do projeto, o importante é ser realista e pensar numa residência dentro das suas posses financeiras. Não adianta querer construir uma casa grande demais se você não tiver o dinheiro para isso. Não se iluda pensando que um dia a obra ficará pronta. Mais vale construir uma casa menor, e quando você tiver mais dinheiro, partir para outro imóvel.
Também é importante salientar que construir uma casa demanda tempo do proprietário. Claro que existem muitos que gostam de passar os fins de semana visitando a obra e passeando por depósitos de materiais de construção. Você ainda terá que discutir (e também brigar) com pedreiros, pintores e azulejistas por quaisquer problemas que poderão surgir na sua obra.
Contratar um arquiteto custa caro? A resposta é simples: não. Ao contrário do que a maioria pensa, contratar um arquiteto para projetar sua casa ou reformar seu apartamento não custa caro. Há algumas décadas, esses profissionais eram escassos no mercado e o preço era alto. Em São Paulo, por exemplo, o número de arquitetos formados nos anos 50 era de apenas três por ano, em média. Era natural que eles cobrassem mais pelos projetos, uma vez que a concorrência era menor.
Com poucos profissionais no mercado, havia ainda certo preconceito e obscuridade nesse ramo. Não se sabia ao certo qual era o papel do arquiteto dentro de uma obra. Os proprietários que faziam o "projeto" da casa e encomendavam ao engenheiro-arquiteto apenas a execução. Mesmo que hoje o quadro nessa área não seja muito diferente, há maior aceitação do arquiteto e, além disso, o preço do projeto tornou-se muito menor. Com a proliferação de escolas de arquitetura pelo país e o aumento das vagas daquelas já existentes, o preço desses profissionais despencou.
É fácil identificar uma residência projetada por um arquiteto e outra por uma dona de casa. Na última o gosto geralmente é mais duvidoso e o espaço, mal dividido. Portanto, ter o imóvel projetado com "a sua cara" pode dificultar sua venda posteriormente. Por outro lado, o arquiteto tende a ter um gosto mais universal, o espaço é mais bem utilizado e os materiais escolhidos são mais adequados na execução da obra.
Mesmo quem não está pensando em vender uma casa que ainda não saiu da prancheta precisa entender que uma família muda de necessidades ao longo dos anos e (na maioria das vezes) de padrão socioeconômico, para cima ou para baixo. E uma casa bem construída, com um traço de bom gosto, é infinitamente mais líquida no mercado imobiliário do que aquela feita com os caprichos da dona.
Não estamos tratando de arquitetos famosos, consagrados no exterior e nem com uma coleção de prêmios de arquitetura. O profissional em questão é o arquiteto médio, com uma boa formação e certa experiência em projetos. Claro que é impossível definir um valor exato. Tudo vai depender do tamanho da obra e do nível de detalhamento.
Vale a pena contratar um engenheiro?
Até aproximadamente 20 anos atrás, quando uma família de classe média ia começar uma obra, o ritual era o mesmo. Chamava-se um desenhista ou projetista, que na maioria das vezes não tinha diploma de arquiteto muito menos de engenheiro. Palpites eram dados na hora da criação e, concluída essa fase, era a vez do engenheiro entrar. O problema era que ele apenas assinava o projeto para a aprovação na prefeitura. Não fazia mais nada. Pagava-se apenas pela sua assinatura.
Atualmente a classe média continua adotando esse mesmo procedimento ao construir uma casa, mas tem buscado cada vez mais a orientação de um profissional na área. E muitos têm ficado contentes com a consultoria de um engenheiro. Principalmente no que se refere aos custos da obra. Ao contrário do que muita gente pensa, a contratação de um engenheiro, além das questões técnicas específicas, ajuda na redução dos custos de uma obra.
Contratar mão-de-obra, comprar materiais e ainda fiscalizar a construção não é um trabalho simples. É para isso que existem milhares de profissionais especializados. Quem nunca soube de alguém com enormes dores de cabeça durante uma obra? Pedreiros que somem na metade da construção, materiais desperdiçados (ou senão mal comprados), roubos sérios dentro do canteiro de obras. Esses são apenas alguns exemplos dos problemas que podem surgir.
No que diz respeito à compra de materiais, as empresas de engenharia têm a possibilidade de adquirir material por um preço abaixo do mercado. Os depósitos de materiais de construção possuem departamentos exclusivos para atender a pessoas jurídicas, oferecendo descontos que vão de 8% a 10% em relação ao preço para os demais clientes.
Como em qualquer prestação de serviços, ter referências de um profissional ou de uma empresa de engenharia é fundamental antes de se começar a obra. Existem diversos casos de clientes que tiveram danos financeiros e sofreram processos na Justiça por conta da incompetência e da desonestidade de profissionais dessa área.
Lembre-se de que o proprietário da obra é responsável por tudo que acontece dentro de sua obra. Ou seja, se a construtora deixar de fazer algum pagamento, a Justiça irá procurar o dono da obra, que é o beneficiário final no processo. Isso tanto no que diz respeito ao salário de funcionários ou do pagamento a fornecedores.
Outro item a ser analisado antes de se fechar negócio com uma empresa, fora a idoneidade, é a situação atual de seu quadro técnico. Não basta apenas verificar o histórico no currículo da construtora. É preciso ver se durante toda a obra haverá profissionais capacitados para acompanhar todo o processo de execução. Quando o mercado está parado, as empresas demitem mão-de-obra e o que pode acontecer é sua obra ser gerenciada por um estagiário ou mesmo por um engenheiro recém-formado, sem experiência nesse assunto.

Fonte: InfoMoney

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