quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Apesar das taxas menores e dos longos prazos, financiar imóveis é arriscado

Dívidas em longo prazo podem comprometer uma vida inteira. Para comprar um imóvel por meio de financiamento é necessário consultar especialistas e se planejar

Comprar a casa própria é o sonho de muitos brasileiros. No entanto, quais são os meios mais seguros para realizar esse sonho? Com a redução dos juros do financiamento imobiliário promovida pelos bancos públicos e privados, financiar ficou aparentemente fácil, mas na verdade o risco ainda é muito alto. Caso três parcelas seguidas não forem pagas, o banco pode leiloar o imóvel e o devedor perder tudo o que já pagou, por exemplo.

De acordo com o advogado especialista em mercado imobiliário, Marcelo Tapai, apesar de toda propaganda feita pelo governo de juros baixos, as taxas brasileiras para financiamento de imóveis são as mais altas do mundo. “Nos Estados Unidos essas taxas ficam entre um e um e meio por cento, no Brasil elas chegam a 13 por cento”, destaca. 

Perigos do financiamento
O especialista explica que há vários tipos de financiamento e que as taxas podem variar. “O mais comum é financiar pelo Sistema Financeiro de Habitação (FSH) que divide, com taxas mais baixas, imóveis que custam até R$ 500 mil. O Fundo de Garantia é abatido no valor do imóvel e normalmente a garantia é hipotecária, ou seja, o imóvel fica no nome do banco, e se caso a pessoa não pagar, ela é processada”, ressalta.

É importante destacar que essa garantia que a lei concede ao banco também dá a ele o direito de Alienação Fiduciária. “Essa é uma modalidade do direito de propriedade. No caso, se uma pessoa comprar um imóvel financiado e deixar de pagar as prestações de três meses seguidos, o banco pede uma notificação extrajudicial que obriga o devedor a pagar, em no máximo 15 dias, o valor equivalente a essas três parcelas de uma vez só, com juros, correção e taxas”, alerta. 

Segundo o advogado, o banco não precisa de autorização para pedir o imóvel de volta e nem para despejar o morador. “Além do devedor perder tudo o que já havia pagado do imóvel, independente da quantia, ele ainda é obrigado a desculpá-lo imediatamente para leilão, caso contrário, o banco cobra a taxa de ocupação durante o período que o devedor ficou no imóvel sem permissão até o dia que o bem for leiloado – essa taxa é como se fosse um aluguel”, explica. 

Leilões de imóveis financiados que não foram devidamente pagos são muito comuns, conta Marcelo. “O banco já não confia mais no devedor. Leiloar o imóvel, que é arrematado muitas vezes por um preço mais alto, é bem mais lucrativo e seguro para o banco”, comenta. 

Comprar na planta exige mais atenção

Outra questão que o especialista destaca é em relação aos imóveis vendidos na planta. “Suponhamos que alguém pretende comprar um imóvel na planta de R$ 450 mil e financiá-lo pelo FSH, que permite imóveis de no máximo R$ 500 mil. Depois de em média dois anos, quando a construtora entregar o apartamento, ele certamente vai ter valorizado e passado a custar mais de R$ 500 mil, ou seja, não será possível financiar pelo FSH”, diz.

O advogado conta que quando o imóvel comprado na planta é entregue, um profissional da Caixa Econômica Federal avalia e define o valor para o financiamento. “Não interessa o preço que está no contrato de compra, nem o valor inicial do imóvel, mas sim essa avaliação. Com isso, o comprador cai em outra linha de financiamento com taxas de mercado, que são bem mais altas”, completa.

Planejamento é fundamental 
Quanto mais prolongado for o financiamento, maiores são os riscos. “Há bancos que financiam 90% do imóvel em até 30 anos. Entrar em uma dívida assim é muito arriscado. Há uma série de imprevistos que podem acontecer, como perder o emprego, doença na família ou alguma emergência que precise de dinheiro”, cita o especialista. 

Tapai sugere que o interessado em financiar procure um profissional. “Consultar o gerente do banco, um advogado especializado ou um contador pode ser a solução. Antes de adquirir uma dívida dessa grandeza, é preciso calcular os gastos, analisar a renda e entender todo o procedimento. Planejar é a principal base para um financiamento”, conclui.

Fonte: Site Lugar Certo 

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