São Paulo -  O bairro nova-iorquino SoHo foi o cenário para o surgimento de um verdadeiro estilo de morar: os lofts. Nos anos 1970, diversos artistas foram para o local em busca de um custo de vida mais acessível e passaram a viver em antigos galpões. Não havia paredes para delimitar os espaços, nem muitos adornos para enfeitá-los. O conceito agradou os descolados da época e atravessou gerações.
O projeto assinado pela arquiteta Fernanda Marques é composto por cores neutras e características típicas de um loft: tijolinhos e tubulações aparentes | Foto: Divulgação
O projeto assinado pela arquiteta Fernanda Marques é composto por cores neutras e características típicas de um loft: tijolinhos e tubulações aparentes | Foto: Divulgação
Há quem diga que os primeiros traços que deram vida a um loft saíram da prancheta do arquiteto francês Le Corbusier. Ainda na década de 1920 ele criou apartamentos amplos, com pé-direito duplo e muita luz natural.
Segundo Adriana Monzillo, docente das disciplinas de projeto e arquitetura de interiores da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), o conceito foi reproduzido nos anos 1930, nos subúrbios de Manhattan. Mas foi apenas em 1970 que morar em lofts virou moda e, a partir daí, não ficou conhecido apenas como um local para morar, mas sim como um estilo de viver.
A ausência de paredes foi fundamental para o desenvolvimento do projeto de decoração. As peças escolhidas dão leveza e delimitam os ambientes | Foto: Divulgação
A ausência de paredes foi fundamental para o desenvolvimento do projeto de decoração. As peças escolhidas dão leveza e delimitam os ambientes | Foto: Divulgação
Atualmente, diversos empreendimentos investem nessa ideia e apresentam imóveis amplos com ambientes integrados. Há também pessoas que preferem manter a construção original e reaproveitam antigas instalações de indústrias ou comércio. Nos dois casos, um aspecto comum: é preciso caprichar na decoração, pois todos os detalhes estarão à vista.
Aproveite o espaço aberto
Como não há divisórias, o mais recomendado é usar móveis e cores para delimitar os ambientes. “É importante manter a organização e praticidade nos espaços para não deixar a bagunça tomar conta”, sugere o designer de interiores Leonardo de Magalhães.
No projeto da arquiteta Marina Conde funcionalidade é o que não falta. Ela usou móveis estratégicos, como o sofá da sala e a bancada da cozinha, para delimitar os espaços | Foto: Divulgação
No projeto da arquiteta Marina Conde funcionalidade é o que não falta. Ela usou móveis estratégicos, como o sofá da sala e a bancada da cozinha, para delimitar os espaços | Foto: Divulgação
A próxima tarefa para garantir charme de sobra é deixar a criatividade tomar conta. “Não há regras. Vale misturar estilos, compor detalhes que roubam a cena. Uma mesa contemporânea, por exemplo, ficaria perfeita se recebesse a companhia de cadeiras clássicas”, explica. Só não peque pelo excesso.
Móveis com dupla função também são indicados. “Eles ajudam a aproveitar a metragem disponível e apresentam soluções inteligentes”, diz a arquiteta Marina Conde. Aposte também em modelos planejados. “Dessa forma, conseguimos incorporá-los aos ambientes com maior facilidade”, completa.
Cores sóbreas convivem em harmonia com tonalidades vibrantes. Exemplos disso são as luminárias vermelhas da cozinha | Foto: Divulgação
Cores sóbreas convivem em harmonia com tonalidades vibrantes. Exemplos disso são as luminárias vermelhas da cozinha | Foto: Divulgação
Boas opções para deixar o projeto ainda mais especial são aparadores, biombos, mesas com características retrô e quadros apoiados nas paredes.
“Mas evite comprar muitos itens. O ideal é apostar em um projeto com poucos móveis, apenas o necessário para o dia a dia, e alguns itens decorativos para dar vida ao local”, diz a arquiteta Andréa Parreira. Também é importante prestar atenção para não deixar o conforto do morador de lado. “É fundamental saber integrar os espaços sem perder a privacidade”, afirma.
Marcas registradas
Os materiais de acabamento também dão aquela mãozinha no momento de dar vida a um loft. Os campeões de pedidos são os tijolinhos à vista. “Ficam lindos naturais ou pintados de branco e nos remetem aos galpões de antigamente”, afirma Magalhães.
Porém, é preciso cuidado para mantê-los em ordem. “É importante aplicar uma resina para impermeabilizar e limpar frequentemente com pano úmido”, recomenda Marina.
Na listinha de possibilidades ainda há espaço para o colorido dos ladrilhos hidráulicos, o charme do concreto aparente e para a simplicidade da madeira de demolição.
Em muitos casos, as tubulações elétrica, de ar-condicionado e hidráulica ficam aparentes, característica típica dos modelos nova-iorquinos. Outro elemento onipresente é o pé-direito duplo. “Sua função é valorizar o imóvel e conferir aquela sensação de amplitude”, diz Andréa.
O que evitar
É fundamental tomar alguns cuidados básicos para não perder as características originais de um loft. “Não use materiais diferentes para revestir o piso de cada área e nem pense em colocar divisórias para criar áreas isoladas porque estaria mudando a proposta completamente”, afirma Magalhães.
As cores que irão compor o projeto têm papel fundamental e devem ser escolhidas com atenção. “Como os ambientes são integrados, evite optar por muitas tonalidades. Diga não ao exagero”.

Fonte: Site O Dia