quinta-feira, 16 de maio de 2013

Soluções locais trazem bem-estar e sossego em casa no Vietnã; confira


Para Peter Arts e Hedwig Pira, parece não fazer tanto tempo assim que decidiram abandonar a vida confortável em sua Bélgica natal para aceitar o formidável desafio de criar um negócio e montar uma casa e uma vida em um país estrangeiro.
Agora, passada mais de uma década, Arts, 51, é diretor da Saigon River Factory Vietnam, companhia com mais de cem funcionários que produz mobília artesanal e azulejos para distribuição mundial, enquanto sua mulher, Pira, 51, é a diretora de arte e designer da empresa.

O terraço na casa de Peter Arts e Hedwig Pira, com uma mesa feita com madeira reaproveitada de uma cama vietnamita, e um sofá comprado em um antiquário local, na Cidade de Ho Chi Minh, Vietnã

O terraço a céu aberto, com mesa e cadeiras coloniais francesas antigas

A biblioteca na casa, decorada com uma mesa antiga chinesa e cadeiras desenhadas por Pira e produzidas localmente, na Cidade de Ho Chi Minh, Vietnã

Quarto de hóspedes, com uma rede contra mosquitos sobre a cama, essencial para uma casa aberta, na Cidade de Ho Chi Minh

Sala de estar da casa, com um sofá desenhado por Pira e produzido localmente; luminária da Habitat comprada em uma das frequentes viagens da família à Bélgica e, ao lado da escadaria, uma mesinha de centro antiga usada no passado para oferendas a Buda

Telhado de palha da casa e uma lona à prova de água posicionada entre camadas de folhas de palmeira para impedir a entrada da chuva 

Diante de uma operação tão ambiciosa, o objetivo deles quanto à casa em que viveriam era modesto, diz Pira: "Um oásis que nos preservasse da frenética vida vietnamita".
A construção demorou menos de quatro meses e foi concluída em 2009, ainda que os dois tenham continuado a acrescentar retoques finais por ainda mais um ano. O custo total da obra foi de US$ 75 mil. Como diz Pira, "construir no Vietnã é bem barato".
O terreno, já que estrangeiros não podem possuir terras no país, é alugado por US$ 1,5 mil ao mês.
A casa fica em um bairro de estrangeiros nas cercanias da cidade, e de fato serve como refúgio contra a tumultuada vida urbana do Vietnã, onde as ruas frequentemente ficam paralisadas por um mar de motocicletas.
Ao passar pelo despretensioso portão metálico que serve como entrada frontal, você se vê em um universo alternativo. A casa de 285 metros quadrados é construída em torno de um sereno pátio a céu aberto.
A fachada que se abre para o pátio também fica exposta aos elementos. Isso significa que os moradores da casa - o casal; seu filho Simon, 17; um cachorro da rara raça vietnamita Phu Quoc (proveniente da ilha vietnamita homônima); e diversas aves de estimação, bem como ocasionais aves selvagens - podem circular livremente do interior ao exterior da construção.
De quase todos os pontos de observação - mesmo da banheira de casal -, a casa oferece vistas das palmeiras que circundam o terreno e do skyline da Cidade de Ho Chi Minh.
"Na estação chuvosa", diz Pira, "os temporais diários são um espetáculo". E no verão, a porção aberta da casa torna desnecessário o uso de ar condicionado (embora a família durma sob redes de proteção para evitar mosquitos).
A característica mais notável da casa é o teto de palha. Uma lona à prova de água entre camadas de folhas de palmeira impede que a chuva e os cocos caiam dentro da casa, mas não oferece muito isolamento acústico. Semanas atrás, um visitante acordou no meio da noite com um estrondo: um coco de uma árvore próxima havia caído no telhado, por sobre sua cabeça.
Janelas com persianas prestam homenagem ao passado colonial francês do país, assim como as portas de madeira escura com entalhes florais intrincados que levam ao quarto de casal.
Os donos da casa também contribuíram com produtos que eles mesmos desenharam, claro: as lajotas de pedra talhada que revestem uma parede externa e os azulejos verdes em forma de paralelogramo que revestem o piso do terraço são produtos de sua empresa.
Tudo isso confere aos interiores uma qualidade um tanto improvisada. Para um casal disposto a atravessar o mundo a fim de criar um lar, isso pode ser vantagem, no entanto.
Como Pira gosta de dizer, a casa jamais teve a pretensão de ser impecável. Como a vida no exterior, ela diz, a casa aceita uma certa bagunça.

A casa de Peter Arts e Hedwig Pira, com persianas antigas e portas de ferro feitas artesanalmente na fábrica de Arts e Pìra

Vista da sala de estar da casa de Peter Arts e Hedwig Pira

Fonte: Folha de S. Paulo 

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