segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Construtoras usam moda dos 'outlets' para liquidar imóveis

A moda dos outlets, mais conhecidos para artigos de roupas e calçados, chegou também ao mercado de imóveis.
Segundo Rodrigo Resende, diretor de marketing da construtora MRV Engenharia, o termo é uma "tendência". Ele diz, no entanto, que, na prática, os outlets não se diferem de outras estratégias de venda das construtoras --como megastores, showrooms e feirões-- para desovar estoques.
Na última terça-feira (27), a incorporadora e construtora Rossi promoveu um outlet on-line de venda de imóveis.
A partir de uma ferramenta do Google chamada "Hangout", um apresentador, clientes e representantes regionais da empresa interagiram, ao vivo, por voz, vídeo e chat no canal oficial da construtora no YouTube.
O "Outlet Digital Rossi" teve duração de aproximadamente uma hora e, segundo estimativa da incorporadora, mais de 10 mil pessoas acompanharam o programa. Os descontos ficaram em torno de 35%.
Marcelo Dadian, diretor de marketing nacional da Rossi, conta que o outlet da construtora oferece "unidades de andares mais baixo, talvez uma vista menos privilegiada e uma luminosidade não tão boa ou menos vagas de garagem". Segundo ele, essas características são compensadas pelos descontos.
"É como em outlets de roupas: não é o último modelo, mas é de grife", compara.
A MRV Engenharia também tem um outlet virtual, que deve durar até o final de agosto.
No site da construtura, 200 corretores on-line estão disponíveis 24h para consulta. O interessado pode fazer uma simulação de compra e agendar uma visita com corretores espalhados pelo país destinados a atender exclusivamente clientes virtuais.
Desde junho, a MRV também usa o Facebook para negociar unidades. Segundo Rodrigo Resende, 35% das vendas da MRV são feitas pela internet.
EXPERIÊNCIA
Anthony Selman, diretor de varejo para a América Latina da consultora imobiliária Cushman & Wakefield, diz não acreditar que outlets virtuais possam desbancar as "vendas físicas".
"A internet é um canal adicional. A experiência de ir a um outlet é única e acredito que o brasileiro vá gostar".
Ele explica que na configuração tradicional (com lojas físicas), os outlets costumam ser construídos fora do centro das cidades, porque o aluguel é mais barato e os espaços com menor acabamento também contribuem para baratear a operação.
Embora ainda tímidos no Brasil, Selman prevê que nos próximos cinco anos uma média de dez novos outlets surjam no país.
GARANTIAS
Mesmo no caso de vendas pela internet, a supervisora de habitação do Procon-SP, Renata Reis, diz ser essencial se inteirar do projeto ou visitar o imóvel antes de fechar o contrato.
"É importante verificar as condições do local ou se o imóvel tem garantia para vícios estruturais, que é de cinco anos", diz.
Em caso de defeitos, ela já recomenda pedir à construtora reparos ou abatimento do preço.
Reis adverte ainda para outros cuidados antes de assinar o contrato de compra de um imóvel. Entre eles, solicitar o memorial descritivo da unidade e verificar, em caso de parcelamento, se seu perfil se encaixa no exigido para o crédito pelo banco.
Em feirões, é comum também a cobrança de taxas como corretagem e assessoria imobiliária. Renata Reis explica que essas taxas não podem ser impostas ao cliente e que a taxa de interveniência (cobrada quando o empréstimo não é feito pelo banco indicado pela construtora) pode configurar prática ilegal de venda casada.
Divulgação
Enseada, empreendimento da construtora Rossi no litoral de SP, foi umas das ofertas de 'outlet'
Enseada, empreendimento da construtora Rossi no litoral de SP, foi umas das ofertas de 'outlet'

Fonte: Folha de S. Paulo 

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