Condor do Água Verde: projeto segue conceitos da arquitetura de varejo e incorpora elemento regional decorativo
Além de variedade, localização, qualidade, preços competitivos e bom atendimento, um dos principais chamarizes é a arquitetura. O projeto tornou-se peça-chave para que o empreendimento alcance sucesso comercial.
Um bom projeto arquitetônico contempla detalhes que podem passar desapercebidos pelo usuário, como iluminação, organização do espaço, disposição das mercadorias, uso de luz natural, aproveitamento do terreno e mobilidade, apontam especialistas.
“Caixotes”
Basta lembrar como eram os supermercados, há alguns anos, para estabelecer as diferenças. As estruturas se assemelhavam a um barracão ou “caixote” de concreto.
Hoje, a concorrência fala mais alto e o comércio se adapta aos novos padrões. É nesse segmento que entra a arquitetura de varejo. Os profissionais que se especializam na área precisam conhecer hábitos de consumo e frequentemente se apoiam em pesquisas de mercado para desenvolver projetos.
O arquiteto Waldeny Fiuza, um dos mais requisitados nesse segmento, coleciona projetos bem sucedidos. “O conceito tem de ser trabalhado levando em conta a marca e o lugar onde a loja vai ser implantada. Com terrenos disponíveis cada vez menores nas regiões centrais, também é preciso encontrar soluções para espaços restritos”, explica Fiuza, sócio do escritório Dória Lopes Fiuza Arquitetos Associados.
Espaços múltiplos
Valéria Santos Fialho, professora do curso de pós-graduação em Arquitetura Comercial do Centro Universitário Senac, em São Paulo, observa que a evolução da arquitetura de varejo aconteceu nos últimos 20 anos, levando à criação de espaços agradáveis e múltiplos, com características de centros de compras.
“Os empreendimentos precisam oferecer mais opções, como a ala de serviços em supermercados, incluindo espaços de alimentação. Quanto mais tempo o consumidor permanece na loja, mais possibilidades ele terá de adquirir produtos e serviços”, comenta.
Valéria explica que a distribuição adequada dos produtos influencia os resultados de vendas. O objetivo do projeto, e da organização do espaço, é levar o cliente a realizar suas compras sem transtornos ou má interferência das instalações.
“Espaços bem desenhados, com apuro nos detalhes, e boa escolha de materiais, fazem diferença”, comenta a especialista.
Amplitude
Waldeny Fiuza, que assina a arquitetura de várias lojas de supermercados em Curitiba e em outros estados, conta que nos últimos anos os novos projetos – e também as reformas – têm privilegiado a amplitude. A tendência é que as lojas sejam mais “abertas”, com saídas amplas e elementos que as conectem com o ambiente exterior, como grandes paredes envidraçadas.
Waldeny Fiuza, especialista em varejo: arquiteto deve acom-panhar as tendên-cias de consumo
Público-alvo e
entorno definem características
A experiência do
arquiteto Waldeny Fiuza na elaboração de projetos de lojas de super e
hipermercados revela a evolução da arquitetura comercial. Responsável pelas
duas lojas da rede Angeloni em Curitiba, Fiuza explica quais elementos leva em
conta ao projetar os empreendimentos.
“Cada rede tem
caraterísticas que influenciam as escolhas do projeto. No Angeloni, os
corredores são largos e o piso é de granito. São lojas com uma sofisticação
maior, que têm a ver com a região onde estão implantadas e o público que as
frequenta”, enumera o arquiteto.
Paisagismo
Na loja do
Bigorrilho, o amplo hall de entrada, com uma parede inclinada de vidro que gera
impacto visual à fachada, abriga a praça de alimentação. Os jardins externos
também se destacam.
“Tivemos especial preocupação
com o ajardinamento, pois o imóvel está em um bairro predominantemente
residencial. Os 15 metros de jardim diminuem o impacto visual e fazem a
transição entre as casas do entorno e a loja”, conta.
Já no supermercado
Mufatto da avenida Vitor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã – também com
projeto assinado por Fiuza – a intenção foi evidenciar a loja, que está em um
cruzamento de grandes vias. “Temos os quatro lados da fachada trabalhados com
materiais nobres, dando aspecto moderno ao local”, comenta. Projetar uma
fachada que chamasse atenção também estava na pauta do Condor da Avenida das
Torres.
“Nenhuma loja é igual
a outra. O desenho e a fachada vão depender do local onde será construída, se
em local mais tranquilo ou em uma grande avenida”, diz o arquiteto.
Mudanças
Diretor de patrimônio
da rede de supermercados Condor há 22 anos, Alceu Brambilla percebe, no dia a
dia, as transformações na arquitetura das lojas e o resultado das mudanças.
“Antes se construía um barracão ou um caixote. Eram prédios simples.
Colocava-se o equipamento, a mercadoria, e não havia exigência por parte do
consumidor”, lembra.
Hoje, o investimento
em tecnologia e arquitetura, tanto em novas contuções quando em reformas, é
considerável. Garantir acessibilidade nas lojas é outro item indispensável. “A
sociedade evoluiu nesse aspecto e nós acompanhamos”, comenta Brambilla.
A separação dos
produtos também deve ajudar o consumidor. Prateleiras e gôndolas são projetadas
de forma que o cliente veja o produto e o preço com facilidade. Da mesma
maneira, a organização das seções da loja precisa estar facilitada.
Para todos
Os conceitos atuais
de arquitetura de varejo não se restringem a grandes redes. Comerciantes de
menor porte devem se adequar aos novos padrões. A professora de Arquitetura
Comercial Valéria Santos Fialho afirma que a contratação de um profissional
habilitado é o primeiro passo.
“Mesmo para obras de
pequeno porte, a intervenção do profissional de projeto impacta de maneira
expressiva a qualidade dos espaços. Pode parecer um gasto extra, mas é
investimento que deixará o negócio mais eficiente”, diz.
* * * * *
Sucesso
Critérios atuais da
arquitetura de varejo indicam quais características um empreendimento deve
possuir:
- Amplitude e
elementos de contato com o exterior, com uso de vidros ou outros recursos;
- Iluminação
adequada, que pode variar ao longo do dia, de forma agradável;
- Acessibilidade.
- Materiais de
qualidade na ambientação, no piso e no forro, e investimento na comunicação
visual no interior da loja;
- Elementos
sustentáveis, como reuso da água da chuva, uso de luz natural e iluminação
eficiente, que geram economia e empatia com o consumidor;
- Espaços de convivência, como praças
de alimentação, que levam os clientes a ficar mais tempo no local;
Fonte: Gazeta do Povo
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