quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Uma casa, três horas e muitas propostas

Núcleo de pesquisa da UEL monta protótipo de construção residencial para testar viabilidade e usos do sistema

Roberto Custódio/ Jornal de Londrina / Construção da unidade de 43m² em apenas três horas mostra vantagens e possibilidades dos blocos prontos com estrutura de madeira, do sistema woodframe, na construção civil
Construção da unidade de 43m² em apenas três horas mostra vantagens e possibilidades dos blocos prontos com estrutura de madeira, do sistema woodframe, na construção civil

Uma ação inovadora movimentou o campus da Universidade de Londrina (UEL) na última sexta-feira. Uma casa com pouco mais de 40 m², construída em apenas três horas diante do público, mobilizou a comunidade acadêmica da cidade.
Quem acompanha o desenvolvimento de novas tecnologias para moradias sustentáveis foi conferir de perto a obra. Cerca de 150 pessoas, entre estudantes, construtores e pesquisadores assistiram a montagem. Construído em woodframe, sistema industrializado que utiliza placas prontas de madeira em OSB, o imóvel ficará na universidade para uso acadêmico.
Roberto Custódio/ Jornal de Londrina
Roberto Custódio/ Jornal de Londrina / Ampliar imagem
Em rede
Grupo de estudos viabiliza parcerias
A casa construída em woodframe no campus da Universidade Estadual de Londrina é fruto de parceria entre o Departamento de Construção Civil/CTU e o projeto de pesquisa Zero-Energy Mass Custom Homes, o ZEMCH Brazil. Trata-se de uma rede internacional, com pesquisadores de vários países que desenvolvem moradias com conceito sustentável.
O projeto ZEMCH Brazil desenvolvido na UEL, por sua vez, fez acordos com a empresa Tecverde, de Curitiba, que produz módulos em woodframe para construção civil, além de outras universidades como a USP, São Carlos, Unicamp e UFRGS, Cohab e Sindicato da Construção Civil no Norte do Paraná.
Com 43 m², dois quartos, sala, cozinha e banheiro, o imóvel custa cerca de R$ 27,8 mil, incluindo materiais e mão de obra. Além de obter um custo baixo, a intenção do grupo que realizou a obra é estudar sistemas e soluções construtivas que possam ser utilizadas em larga escala em habitações de interesse social.
Tempo e qualidade
O núcleo de pesquisa da UEL que estuda gestão de projeto e produção de habitação busca tecnologias construtivas baratas e que possam se encaixar em programas governamentais. De acordo com a professora Ercília Hitomi, coordenadora do grupo, já existem tecnologias que vem sendo utilizadas em habitações de interesse social, mas há muitas questões a considerar e ajustar, pois a demanda é grande e as obras precisam ser executadas em pouco tempo.
“As soluções que já são usadas nem sempre alcançam sucesso porque não há eficiência nas questões de tempo e da matéria-prima”, observa a professora da UEL, que é engenheira. “O grupo procurava uma tecnologia viável, que oferecesse qualidade de habitação e possibilidade de desenvolver a gestão da produção em larga escala”, explica.
Na busca por um método construtivo atendesse essas características, o grupo encontrou a Rede Tecverde, que já homologou o sistema de woodframe para a construção de casas populares. “A intenção de construir a casa em três horas e, a partir de agora, usar esse imóvel cotidianamente, é mostrar que o método é viável”, diz a professora. Toda a montagem da casa foi filmada e registrada pelo núcleo da UEL, que vai usar o material para propor melhorias no processo.
Menos preconceito
A edificação será usada pelo Departamento de Construção Civil (CTU) da universidade. Além de realizar testes laboratoriais do desempenho acústico e térmico no local, o departamento vai abrir o espaço para visitação. “Ainda existe preconceito com os métodos construtivos que usam madeira, mas a construção em alvenaria é que tem mais perdas e menor possibilidade de gerenciamento da produção”, comenta a professora Ercília.
A casa poderá ser visitada por interessados em construir unidades populares com a tecnologia de woodframe e também por futuros moradores desse modelo construtivo. “Dá para ver que a casa feita com as placas de madeira é segura. Aceita o gancho de rede, dá para fixar e pendurar móveis e quadros e lavar paredes com água. A casa no campus deixará claros todos os conceitos práticos do uso do imóvel”, comenta José Marcio Fernandes, sócio-diretor da Rede Tecverde.
Fonte: Gazeta do Povo

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