segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Canteiro de obras tem novidades

Para melhorar a produtividade, empresas precisam adotar novas tecnologias. Mudanças incluem maquinário e processos construtivos

Fotos: Henry Milléo/ Gazeta do Povo / Cremalheira na obra do La Place: equipamento é mais caro que o sistema tradicional, mas produ-tividade compensa
Cremalheira na obra do La Place: equipamento é mais caro que o sistema tradicional, mas produ-tividade compensa

Os primeiros anos do século 21 assinalam um período de mudanças na construção civil brasileira. Desde a retomada do setor, marcada pela ampliação do acesso ao crédito entre 2007 e 2008 após anos de estagnação, muita coisa se transformou: preço dos imóveis, preferências do cliente, normas de segurança e de qualidade dos produtos e, principalmente, a tecnologia aplicada nos canteiros de obras.

Tornou-se imprescindível buscar inovação. Em busca de produtividade nas construções – e consequente redução no tempo e no custo da obra – construtoras e incorporadoras investem em novas tecnologias. As mudanças, muitas vezes, são pequenas, mas fazem diferença no processo construtivo.
“O aumento na demanda por novas construções e a mão de obra escassa exige cada vez mais produtividade e agilidade. Todas as atitudes e mudanças ocorridas nos últimos anos tiveram esta motivação”, comenta Eduardo Pereira, professor de engenharia civil da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Mecanização
A maioria das novidades, no que diz respeito à tecnologia, tem a ver com rapidez e mecanização. “Guindastes, gruas e elevadores tor­nam-se essenciais porque as edificações são cada vez mais altas”, explica Pereira. O professor ressalta que a utilização de pré-moldados e pré-fabricados também cresce.
“Aço e armadura chegam ao canteiro já dobrados. Há, também, prolongadores de altura e equipamentos de reciclagem de resíduos na obra”, enumera Pereira.
Máquinas e produtos tem sido desenvolvidos para melhorar o cotidiano dos trabalhadores e, como consequência, aperfeiçoar a obra. Euclésio Finatti, vice-presidente administrativo do sindicato das empresas de construção civil, o Sinduscon-PR, comenta que a inserção de tecnologias e também de boas práticas no canteiro de obras são essenciais para que as empresas se mantenham competitivas.
“É fundamental que as empresas se esforcem para levar as práticas do ‘chão de fábrica’ para o canteiro de obras. Temos observado esse movimento todos os dias, e nos últimos anos, com mais força”, diz Finatti.
Elevadores para evitar que o trabalhador tenha que subir em escadas ou estruturas improvisadas, maquinário para cortar tijolos que ajudam a fazer o trabalho rapidamente e equipamentos que indicam o local da tubulação em casos de reformas são citados pelo especialista.
“Tudo isso facilita muito o cotidiano”, observa Euclésio Finatti.
Passos simples
Processos simples e fáceis de adotar também valem. “Uma bancada que deixe os materiais em altura que exija menor esforço do trabalhador já muda muita coisa”, exemplifica o vice-presidente do Sinduscon-PR.
O sindicato está pleiteando que o cimento seja embalado em sacos de 25 kg e não de 50 kg. Para Finatti, pequenas mudanças como essa mudam a forma com que o trabalhador se relaciona com a obra, gerando economia de tempo e de custos e mais produtividade. “Nem todo avanço é tecnológico. O que muda a vida do trabalhador vai impactar em benefícios para todo o ciclo do empreendimento”, aponta.
Mudanças também para os trabalhadores
Métodos construtivos mais recentes no Brasil, como os sistemas de wood frame e steel frame, influenciaram as mudanças nos canteiros tradicionais. “As novas técnicas fazem com que o trabalhador desenvolva atividades diferentes e trouxeram uma nova conotação para toda a construção civil. O canteiro passa a ser o lugar para montar a obra enquanto o processo básico está na fábrica”, defende Euclésio Finatti, vice-presidente administrativo do Sinduscon-PR.
Ele diz que o contato com essas novas fórmulas para construir tem estimulado os trabalhadores a buscar qualificação. “Podemos dizer que há uma industrialização do setor. De outra forma, as empresas nem consegue ser competitivas”, aponta.
Planejamento
O professor de engenharia civil da UEPG, Eduardo Pereira, mostra outro fator essencial nos canteiros de obras modernos. “Vejo que em todas as atividades de engenharia, o planejamento torna-se cada vez mais importante, até mesmo imprescindível. A base para um canteiro de obra produtivo e organizado está no planejamento”, aponta Pereira. Ele acredita que a tendência para o futuro é que a instalação do canteiros de obra demande elaborados projetos de layout como se faz com projetos arquitetônicos.
 / Gustavo Baumgartem, diretor da Head Engenharia, diz que melhor produtividade equilibra custos
Gustavo Baumgartem, diretor da Head Engenharia, diz que melhor produtividade equilibra custos

Usos
Ganho em tempo compensa investimento
Em busca de agilidade e competitividade, a Head Engenharia adotou a plataforma cremalheira, estrutura que substitui o balancin. A construtora, do grupo Partilha Empreendimentos, é a primeira de Curitiba a usar o equipamento, que está no canteiro de obras do residencial La Place.
Utilizada para que trabalhadores façam reboco, pastilhamento e finalização da fachada do edifício, a plataforma funciona como um elevador e custa 20% a mais que a tradicional estrutura de cordas e madeira.
“Em compensação, a economia de tempo nos trabalhos é de dois meses. De sete baixou para cinco”, conta o engenheiro civil Gustavo Baumgartem, diretor da Head. Ele explica que o ganho compensa muito no adiantamento da obra e, por consequência, na entrega do empreendimento. “O investimento vale muito a pena, pois consideramos a relação tempo e custo” analisa.
De acordo com o engenheiro, é fundamental eliminar processos que não tenham valor para a construção. “O setor ainda está engatinhando nesse sentido, e para trazer esse tipo de inovação temos de fazer investimentos”, comenta.
Outros dois materiais também estão mudando a rotina dos canteiros da Head. A empresa passou a usar a cola para assentamento da alvenaria, que elimina os caixilhos nos andares e a necessidade de fazer misturas cimentícias. “O local de trabalho fica mais limpo, mais organizado e o trabalhador tem uma tarefa a menos”, conta Baumgarten.
Outro item adotado é a massa autonivelante para o piso. O produto age como uma massa inteligente, se moldando ao piso e eliminando os serviços manuais de nivelamento. “O maior ganho está no prazo. Com o traço aderido, que é o sistema tradicional, a laje de um pavimento de aproximadamente 500 m² leva quatro dias para ficar pronta”, explica o engenheiro. “Com o contra piso autonivelante, fazemos o mesmo trabalho em um dia e meio”. Com o uso desse material, o custo do metro quadrado para a construtora caiu de R$ 24,18 por metro quadrado de laje para R$ 21,60, somando materiais e mão de obra.
Fonte: Gazeta do Povo

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