sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Veja qual a melhor maneira de fazer uma calçada

Arquitetas dão dicas para garantir a circulação de pedestres e pessoas com necessidades especiais com segurança

Falta a todas as cidades brasileiras uma legislação mais rígida e uniforme no que se refere à construção de calçadas. Nem mesmo junto a importantes edificações públicas a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, é capaz de manter um padrão de acabamento.

Acessibilidade é outro desafio nos grandes centros urbanos. Para a arquiteta Laurimar Coelho, a falta de planejamento e a ocupação de áreas de aclive ou declive acentuado dificultam a construção de calçadas acessíveis e seguras.
Possíveis obstáculos, como árvores e postes, devem estar fora da faixa livre, indicam especialistas (Fotos: Silvana Cambiaghi)

“Há ruas em São Paulo que mantêm calçadas que mais parecem escadarias. Cabe ao proprietário do imóvel cuidar da manutenção da calçada. Mas, infelizmente, isso nem sempre ocorre e muitas pessoas utilizam revestimentos inadequados, como pisos cerâmicos sem tratamento antiderrapante”, lamenta a arquiteta.
A arquiteta Silvana Cambiaghi, que é cadeirante, explica que existe um capítulo inteiro sobre acessibilidade na norma NBR 9050, de 2004. Segundo a norma, as calçadas devem ter uma faixa livre de obstáculos de, no mínimo 1,20 metro de largura, mas ela considera que o ideal é, na verdade, 1,50 metro.
“Nesta faixa deve haver piso contínuo, antiderrapante, que não tenha buraquinhos, que não seja de material em que dispositivos que tenham rodinhas, como carrinho de bebês ou cadeiras de rodas deslizem ou trepidem. Também não podem ter muitas juntas para que as pessoas não tropecem”, orienta Silvana.
Para fazer a travessia da rua, o ideal é ter o rebaixamento de calçada, uma rampa de travessia que esteja bem adequada à sarjeta, com inclinação de 5% a 8,33%, segundo a norma
Ela adverte ainda que a calçada não pode ter inclinação transversal. Tem de ser plana, com inclinação de 2%, no máximo, para que a água escoe. Além disso, possíveis obstáculos – como árvores e postes – devem estar fora da faixa livre.
“Uma faixa de serviços deve estar próximo à guia, com no mínimo 70 cm de largura, para os postes, caixas de correio ou grama, por exemplo”, diz.
Para fazer a travessia da rua, o ideal é ter o rebaixamento de calçada, uma rampa de travessia que esteja bem adequada à sarjeta, com inclinação de 5% a 8,33%, segundo a norma. Outra opção é uma faixa de travessia elevada na rua, mas que só serve para locais menos movimentados.
“Eu acho que essa questão é um problema de saúde pública. A gente nem sabe quantas pessoas morrem por se acidentarem nas calçadas. Acredito que deveria ser responsabilidade das prefeituras fazer as calçadas, mesmo que depois cobrassem por isso. Afinal, não são elas as responsáveis pelas ruas por onde passam os carros, por que não cuidar do lugar por onde circulam os pedestres?”, questiona Silvana. Ela diz que já caiu na calçada algumas vezes e chegou até a quebrar uma perna.
A acessibilidade é outro desafio nos grandes centros urbanos. A falta de planejamento e a ocupação de áreas de aclive ou declive acentuado dificultam a construção de calçadas acessíveis e seguras
Revestimentos
Segundo Laurimar, um dos revestimentos mais utilizados é o piso intertravado de concreto. Sua fácil aplicação permite a composição de desenhos diversos, pois é formado por pequenos blocos que se encaixam. Além disso, esse piso torna a calçada permeável, auxiliando no combate a enchentes na cidade.
“Uma desvantagem, no entanto, é sua relativa instabilidade. Por ser colocado sobre uma camada de areia é preciso fazer um bom trabalho de assentamento. Do contrário, pode apresentar deformidade, principalmente se ocorrer tráfego de veículos sobre ele”, alerta.
A solução mais simples e barata para calçadas, na opinião de Laurimar, ainda é o concreto. “Bem trabalhado, ele oferece segurança e longa durabilidade”, diz.
A solução mais simples e barata para calçadas ainda é o concreto
Para Silvana, os materiais mais adequados são o concreto e o asfalto. Ela explica que o concreto pode ser moldado no local ou usado em placas, assim como o cimento. “Mas é preciso ser feito com qualidade para durar. O ideal é ter 7 cm de espessura”, aconselha.
Ela afirma que outra alternativa é o asfalto frio próprio para calçadas, muito usado fora do País, em países como Itália e França. “Aqui no Brasil é usado em Curitiba e já há testes em São Paulo”, comenta.
Laurimar lembra que, tão importante quanto a escolha do revestimento correto é avaliar se a calçada comporta ou não algum tipo de vegetação. “Árvores de grande porte, como Ficus ou Tipuana, não são recomendadas, pois têm raízes capazes de destruir qualquer pavimento, tornando a calçada um lugar inseguro para caminhar”, adverte.
Fonte: Zap Imóveis 

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